O secretário de Cultural do Estado do Piauí, Fábio Novo, participou do uso da Tribuna Livre em formato home office da Câmara Municipal, na noite desta quarta-feira (09), em atendimento ao requerimento aprovado de Nº470/2021, de autoria da vereadora Fátima Carmino(PT), a fim de tratar sobre o complemento ao nome do Complexo Porto das Barcas.
O assunto de grande relevância para a cultura e para o patrimônio da cidade contou com participação bastante significativa da população, dos representantes da cultura, do Instituto Histórico e da Academia de Letras nas redes sociais do Poder Legislativo. Fábio Novo começou sua fala contextualizando a história do início da reforma do Complexo Porto das Barcas.
“Hoje o Complexo Porto das Barcas pertence ao Estado do Piauí e da Secretaria de Cultura, mas em 2015, o Porto das Barcas estava cedido à Associação Comercial de Parnaíba (ACP), por meio de comodato, sendo que a ACP tinha a função de cuidar, portanto, fora da nossa esfera de responsabilidade. Já no ano de 2017, houve várias denúncias. A primeira saiu no portal Oito e Meia da Capital, com o seguinte título: ‘ Supostos desvios no uso do complexo Portos das Barcas’. Outro notícia chegou em vários portais dando conta de que o local estava sendo usado para consumo de drogas e como prostíbulo. Então, a partir desse momento iniciamos um processo que culminou no distrato do comodato com Associação Comercial de Parnaíba e assim a Secretaria de Cultura assumiu novamente a função de responsabilidade do Complexo”, relatou.
O secretário declarou que foi acionado imediatamente pelo governador do estado para que realizasse a reforma do Complexo Porto das Barcas. “Contratamos uma especialista em restauração de patrimônio histórico, sendo a mais gabaritada que possui no Estado do Piauí, então, o projeto passou pela aprovação do setor de Patrimônio Histórico do Piauí e também pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), por se tratar de uma obra e uma edificação que possui o tombamento estadual e nacional. Iniciamos a obra de 10 mil metros quadrados do Porto das Barcas com três anos de intervenção de recuperação e de restauração”.
De acordo com Fábio Novo, foi feito tudo desde do telhado, instalação elétrica, recolocação de carnaúba no teto para manter o aspecto histórico, colocado a acessibilidade, recuperado as docas para que os barcos pudessem aportar, instalação de um novo píer, sistema de incêndio, recuperação da Praça das Ruínas, iluminação e toda a restauração do Museu do Mar.
“O Museu irá mostrar toda a história da cidade de Parnaíba. Lá vai contar como vive a mulher e o homem do Delta, catador de caranguejo, também as histórias das nossas rendeiras.O museu contará com sala de dança, sala de audiovisual e duas salas de exposições, então o museu vem com uma expectativa nova, que é único no Estado, então dito isso, podemos dizer que foi a maior obra feita no Complexo Porto das Barcas em 300 anos”, comentou.
Fábio Novo frisou que a homenagem ao Sr. Claudino não visa agredir a cidade, mas pelo contrário, a intenção é contribuir com o município.
“Parnaíba nasceu com o dom de acolher e de receber. A agressão existia quando o Porto das Barcas estava em ruínas, isso sim era uma agressão da história e da memória. Nossa ideia é homenagear alguém que contribuiu, então por se tratar de um prédio estadual, por se tratar de um prédio em tombamento nacional, nós achávamos que era justo reconhecer que o maior empregador do Estado do Piauí e o maior patrocinador do Estado do Piauí pudesse receber essa justa homenagem, nossa ideia não é tirar o nome, mas sim acrescentar com a homenagem ao Senhor João Claudino”, ponderou.
Finalizando as falas iniciais, ele afirmou que está feliz em ter contribuído com Parnaíba e por ter conseguido devolver um Complexo Cultural do Porto das Barcas a altura do que a cidade merece. “Esta obra foi concebida para que qualquer pessoa que chegue à cidade de Parnaíba veja que o município é imponente e bonito e que nós cuidamos desse patrimônio que ele não se perdeu, ele não se ruiu. O Porto das Barcas é hoje um cartão-postal não só para Parnaíba, mas para o Piauí”, ponderou Fábio Novo.
A vereadora Fátima Carmino (PT) se posicionou sobre a fala do tribuno, pontuando que já conversou com o deputado algumas vezes e, por esta razão, a autora da convocação deixou o espaço para os colegas parlamentares pudessem fazer seus questionamentos.
O vereador Zé Filho de Caxingó (PL), parabenizou a obra belíssima digna da cidade de Parnaíba e informou que já esteve no local visitando.
“Uma obra que consegue nos levar para o passado e para o futuro devido às instalações futuristas que foram empregadas lá. Porém eu continuo com o mesmo posicionamento, mesmo com todas as explicações feitas pelo secretário e os motivos da homenagem. Quero pedir desculpa pelas mensagens agressivas que o senhor recebeu, posso garantir que não representa o povo parnaibano. Eu sugiro que a gente possa resolver essa questão de forma democrática e colocar para a população para que ela possa participar da escolha. Eu quero enfatizar que minha decisão hoje, mesmo entendendo toda importância do empresário João Claudino,e sei que ele merece todas as homenagens possíveis do estado e da cidade de Parnaíba, mas minha opinião é manter o nome original Porto das Barcas”.
Neta Castelo Branco(DEM), iniciou seu pronunciamento lendo o requerimento aprovado no dia 8 de junho dos vereadores signatários solicitando a manutenção do nome “Complexo Porto das Barcas”, sem nenhum complemento, mesmo tendo conhecimento de todo mérito do homenageado, pois é de conhecimento de todos o legado do Sr. João Claudino.
“Os parnaibanos estão magoados, não vou dizer todos porque todas as regras têm suas exceções, mas por onde eu ando o povo vem conversar comigo questionando o porquê da alteração. Então peço que senhor revise sua decisão, pois toda decisão tem uma reflexão positiva e negativa. E sei que para a família do homenageado será um constrangimento em saber que a cidade só quer o nome original. Eu quero dizer que tenho admiração e respeito pela sua pessoa, e agradeço pela reforma e por tudo que está sendo feito no Porto das Barcas que irá melhorar o turismo. Reveja sua decisão e escute a população parnaibana que deseja que o nome fique sem complemento”, disse a parlamentar.
O edil Renato Bittencourt (PDT), ressaltou que o Sr. João Claudino foi um cidadão de bem, um dos maiores empresários das cidades dos estados do Ceará, Maranhão e Piauí, que merece todo respeito e consideração.
“A cidade de Parnaíba não foi ouvida e nem a Câmara Municipal. A população não associa “Complexo Porto das Barcas – Sr. Claudino”, simplesmente estão impondo o acréscimo, e acredito que tem outras formas de homenagear o Sr. João Claudino”.
O vereador do Democratas, Irmão Marquinhos, elogiou no primeiro momento o secretário Fábio Novo, que na análise dele, foi lúcido de quem tem conhecimento de causa.
“A pasta da Cultura do Estado ganhou muito desde que o senhor assumiu a função tão importante. O senhor já foi vereador e sabe que a Câmara Municipal é a caixa de ressonância da cidade, uma vez que todos os problemas de todas as ordens passam por aqui. Agradeço o olhar que o senhor está tendo para o patrimônio da cidade, e quero dizer que vai marcar seu nome na história. Quero mencionar que a história do Porto das Barcas se confunde com a história do nascimento da cidade de Parnaíba, então eis o porquê das manifestações dos parnaibano e dos munícipes de não concordarem com o complemento ao nome. O senhor João Claudino é digno de todas as homenagens, pois deixou um legado por tudo que ele foi, por tudo que ele representou e por tudo que ainda vai continuar representando no nosso Estado. Eu peço que o secretário reveja essa situação para que não tenha esse complemento”.
O vereador Edcarlos Gouveia( PP), declarou que compartilha da mesma opinião dos demais colegas parlamentares, não havendo a necessidade do complemento ao nome e parabenizou o secretário por todo trabalho desenvolvido na Secretaria de Cultura. “Eu conversei com alguns vereadores durante a semana e pensei que o secretário já viria com outros pensamentos. Temos conhecimento de toda história do senhor João Claudino e sei também do belíssimo trabalho que ele fez por todo o nosso Estado. Estou aqui pedindo ao secretário que olhe com carinho essa questão para não causar constrangimento”, pontuou.
Taylon Andrades (PROS) declarou que não concorda com a questão da inclusão do nome, pois acredita que mancharia a parte histórica da cidade, preferindo que fosse somente “Porto das Barcas”.
O parlamentar AssisCar (PROS) proferiu agradecendo pela reforma e elogiou o trabalho que o secretário vem fazendo à frente da Cultura. “Estamos aqui como representantes do nosso povo e pedindo encarecidamente que o senhor examine essa situação. Como o vereador Zé Filho pontuou no início, tudo deve ser resolvido de forma democrática. Tenho certeza que o senhor é um cidadão inteligente e sei que vai olhar com bons olhos e resolver da melhor forma possível, para não chegar ao ponto da família ficar constrangida com a homenagem”, disse.
Já o vereador David Soares (PP), comentou que a carga histórica que contém no Porto das Barcas é de orgulho dos parnaibanos. Felicitou o trabalho à frente da Secretaria de Cultura e mencionou também que o empresário João Claudino é merecedor de todas as homenagens, mas na questão do Porto das Barcas, fica difícil de aceitar em relação à divergência histórica de cada um.
“De um lado tem um símbolo, uma identidade que é fundamental para explorar o ciclo econômico da nossa cidade e do outro temos o Sr. João Claudino que nasceu no Rio Grande do Norte, admirável empreendedor que criou renda e emprego para o nosso Estado. Pergunto: onde essas duas histórias se comunicam? Mesmo que o senhor argumente que existe uma comunicação instantânea entre as duas histórias,no meu ponto de vista são bem diferentes pelo menos no seu núcleo essencial. O parnaibano requer que seja retirado o complemento e fique somente ‘Complexo Porto das Barcas’! Esse é o sentimento da Câmara Municipal, do povo de Parnaíba e de todas as pessoas que veem o Porto das Barcas com um símbolo que se confunde com a história da cidade”, argumentou.
Batista Filho ( Solidariedade), informou que por ter uma ligação com a cultura da cidade recebeu muitas ligações de vários segmentos para que ele fizesse um posicionamento a respeito da pauta. “Já visitei o Porto das Barcas durante o dia e a noite, e quero parabenizar o secretário, pois realmente o local está lindo e maravilhoso. Para a cultura e para nossa cidade é um prêmio. Estamos aqui para nos posicionar sobre o que está acontecendo com a cultura e com a história da nossa cidade. Como todos já falaram, o empresário é merecedor, porém Porto das Barcas não cabe complemento. Ali será para sempre Complexo Porto das Barcas. Faço um apelo para que o Senhor escute algum segmento, conselho de cultura ou o povo parnaibano”.
A autora da propositura, Fátima Carmino, disse que a participação do secretário de Cultura, Fábio Novo, foi importante para que as pessoas pudessem ouvir sua fala. “Me sinto contemplada com a suas explicações porque eu já tive outras oportunidades de conversar com o senhor sobre o assunto. Depois da sua vinda e das suas explicações eu disse que tomaria uma decisão se eu assinaria ou não o requerimento dos vereadores signatários. A secretaria de Cultura quando pensou no nome jamais imaginou que teria uma repercussão neste sentido e que geraria tanta polêmica. Sei que o senhor fez essa escolha com muita boa vontade, pensando no melhor e também em uma homenagem justa que ficou bem claro. Seu Trabalho como deputado e secretário lhe credencia, pois tenho visto sua atuação em todo Estado do Piauí. Para finalizar, friso que não sou avessa ao nome de forma pessoal, mas se puder e se não tiver problema para o trabalho da Secretaria para os compromissos já assumidos, o nome da homenagem e não tiver grandes problemas, então se o deputado puder atender a esse pedido da população para que fique o nome apenas do Porto das Barcas. Eu também ficarei muito satisfeita, então fica aqui também minha observação”.
O presidente do Legislativo, Carlson Pessoa (DEM), assegurou que em momento nenhum irá deixar politizar o debate tão importante para a cidade. “Por dever de justiça eu não posso também deixar que esse Poder seja omisso com a verdade. O Porto das Barcas começou a história com Alberto Silva, em seguida o então governador Freitas Neto fez um belíssimo trabalho de reconstrução e restauração do Porto das Barcas, em seguida veio o governador Mão Santa que geriu o local ainda novo. Então o Porto das Barcas não foi esquecido por dever de justiça, então naturalmente deteriorou-se devido o tempo”, disse o presidente.
Em pronunciamento final, Fábio Novo relatou que ouviu atentamente as falas de cada vereador e vereadora. “Eu percebi que todos os vereadores reconhecem o trabalho do Sr. João Claudino e que o empreendedor merece sim uma homenagem. E como técnico, pensamos que existe um empresário que foi o maior comerciante do Piauí, o maior empresário do Piauí, então Porto das Barcas foi entreposto comercial do Piauí que foi um lugar de negócios no passado, que deixa de ser um local de negócio e passa a ser um local de cultura e turismo. E mais uma vez, repito que o senhor João Claudino era defensor da cultura de todo o Estado do Piauí, e por ser um empresário e comerciante que mais investe em cultura, então essa homenagem seria mais apropriada”, defendeu. “Pode ter sido um erro não consultarmos a população, mas lembremos que é um patrimônio estadual e nacional, que tem essa prerrogativa do secretário e de sua equipe também de propor o que é legítimo, por tudo que foi colocado. Eu saio dessa reunião reflexivo, mas também queria chamá-los a uma reflexão e afirmo que estou disposto a dialogar para buscarmos caminhos e alternativas”, concluiu.
A sessão ordinária desta quarta-feira (09) foi encerrada com uma leitura pelo presidente Carlson Pessoa do artigo “Porto das Barcas”, escrito por Fernando Ferraz, membro da Academia Parnaibana de Letras e da Academia Cearense de Cultura.
Clique no link a seguir para ler o artigo na íntegra: http://blogdoprofessorgallas.blogspot.com/2021/06/porto-das-barcas.html?m=1
Ascom / CMP