Uma audiência pública realizada no Plenário da Câmara Municipal de Parnaíba nesta quinta-feira (27), reuniu as principais forças de segurança da cidade e do estado para debater sobre a criminalidade em Parnaíba. O encontro foi promovido por meio de requerimento aprovado de autoria do vereador André Neves (Republicanos). Os trabalhos foram dirigidos pelo presidente da Casa, Carlson Pessoa (DEM), sendo secretariado pela vereadora também do Democratas, Neta Castelo Branco.
Por mais de três horas o assunto foi discutido na Casa de Legislativa que contou com a presença de diversas autoridades. Estiveram presentes o secretário de Segurança Pública do Piauí, Coronel Rubens Pereira, delegado da Polícia Federal, Carlos Alberto Ferreira do Nascimento, delegado da Polícia Rodoviária Federal, Francisco das Chagas Lopes, comandante do 2º Batalhão de Polícia Militar do Estado do Piauí, Tenente Coronel Antônio Pacifico Neto, promotor de Justiça, Rômulo Paulo Cordão, presidente da subcomissão de Segurança Pública da OAB-Subseção de Parnaíba, Vinicius Araújo, comandante do Comando Geral da Polícia Militar no Piauí, Coronel Lindomar Castilho, comandante da Guarda Patrimonial, Tenente Madislan da Silva Sousa, comandante do 2° Batalhão de Bombeiros, Comandante Major Jullierme Christian Lima Vale.
Também participaram da audiência pública os vereadores Neta Castelo Branco (DEM), Ricardo Veras (Republicanos), Edcarlos Gouveia (PP), Zé Filho Caxingó (PL), Batista do Catanduvas (Solidariedade), Taylon Andrades (PROS), Ronaldo Prado (Cidadania) e Assis Car (PROS).
No início da sessão, o autor proponente, André Neves, fez uma introdução relatando que a cidade de Parnaíba era calma e pacata, mas atualmente vive uma situação bem diferente, onde os moradores estão aterrorizados com a onda de violência que vem ocorrendo quase que diariamente, entre homicídios e assaltos. Ainda falou que a proposta da audiência é encontrar soluções ou respostas para a população.
“Espero que entremos em um entendimento saudável por parte de todos que estão participando desta audiência, e entendo a competência de cada órgão e desejo obter algumas respostas concretas e resultados positivos”, disse André Neves.
O Coronel Rubens da Silva Pereira, em sua palavra afirmou que todos os presentes na audiência tem o mesmo objetivo de trazer a tranquilidade e a paz, principalmente nesta região litorânea que é de extrema importância para o Estado do Piauí. Disse que a Secretaria Segurança tem feito um controle das demandas de forma online todos os dias, acompanhada de uma publicação mensalmente com todos o levantamento com estática da criminalidade no estado do Piauí e publicado no site da Secretaria de Segurança
“No estado do Piauí temos que ter consciência e trazer uma política de controle e contenção para que o cidadão tenha paz para ir trabalhar e para viver. Estamos estabelecendo políticas públicas e temos conhecimento da realidade. Vamos também realizar um concurso público e no início do ano fizemos um chamamento de delegados, peritos e agente civil, tudo para fortalecer o recurso humano que já é escasso no sistema público de segurança. Agora vou aguardar as sugestões e os encaminhamentos necessários para que nós possamos melhorar sempre as nossas ações e precisamos do apoio municipal com certeza. Fico à disposição e o que tiver ao meu alcance farei os encaminhamentos”, assegurou.
O delegado Francisco das Chagas Lopes Sobrinho, da Polícia Rodoviária Federal, explicou que quando assumiu em janeiro de 2020 a proposta foi de fazer uma política mais intensa e mais forte na segurança pública na região. “Temos conhecimento do aumento da criminalidade nos últimos meses. Temos feito o acompanhamento e utilizado a inteligência que é fundamental para atividade policial em algumas ações. Temos procurado realizar ações preventivas e sempre estamos em contato com Coronel Pacífico, pois compreendo as limitações de cada órgão e devemos unir forças para realizar um trabalho mais intenso para não perder o controle. A gente aliando algumas questões juntamente com a tecnologia, assim realizamos ações mais fortes na cidade”.
O promotor Rômulo Paulo Cordão frisou que o fator da criminalidade está ligado diretamente ao tráfico de drogas, pois tem visto uma grande quantidade de prisão relacionada a furto e roubo relacionados diretamente às drogas. Outra questão pontuada por ele foi que muitos jovens estão envolvidos cada vez mais na criminalidade.
“Estamos discutindo para ver o cenário que estamos vivendo para refletir e prospectar algum tipo de minimização da coisa, mas a gente tem que atuar em ações preventivas na questão do social para que os jovens que estão envolvidos tenham outras alternativas e outra questão que a polícia esteja mais presente, pois sua presença inibe muitas ações dos criminosos. Tenho percebido pouco efetivo de policiais nas ruas. Solicito ao secretário de Segurança mais um presídio para Parnaíba. São essas algumas impressões que tenho a respeito do município”.
O delegado da Polícia Federal, Carlos Alberto Ferreira do Nascimento, pontuou que a Polícia Federal tem trabalhado na cidade de Parnaíba com força tarefa. “São ações coordenadas e dirigidas. Cada instituição na sua atribuição e as ações que ocorrem sempre de forma impactante no momento oportuno e principalmente com seletividade, e não ignoramos crime pequeno, em busca de resultados mais efetivos. Estou à disposição para ouvir e fazer os encaminhamentos das demandas”.
De acordo com o tenente Madislan da Silva Sousa, o município está atuando na questão da segurança na medida em que lhe é possível. O comandante disse que a criminalidade é bem complexa até na questão geográfica e explicou que o município tem várias ações integradas com Polícia Militar que envolve tanto a Guarda Patrimonial quanto a Guarda Civil. Disse ainda que estão na fase de conclusão da aquisição dos coletes balísticos e munições que serão mais uma força de segurança para que possam somar com as demais instituições, pois o armamento já é uma realidade.
“Estamos abertos para atender todas as demandas envolvendo não só pleitos de mandados pela polícia militar, como de outros órgãos também que são responsáveis pela segurança. E nos colocar à disposição para encarar e ajudar no que for preciso para que a gente possa voltar a ter a tranquilidade que a gente tinha em nossa cidade”.
O Comandante Tenente Coronel Pacifico Neto, salientou que ações policiais são preventivas, ostensivas e investigativas. Trouxe ainda, alguns números de operações realizadas no município onde foram apreendidos aparelhos sonoros, 42 armas de fogo somente no ano passado, 53 mil abordagens de pessoas e 129 armas brancas e recuperação de veículos.
“A segurança é um dever do estado e um direito de todos. Sugiro a criação de um Conselho Municipal de Segurança com apoio das instituições de segurança juntamente com a comunidade para realizar ações e traçar uma linha visando atender as questões mais urgentes e também atender crianças, adolescentes e jovens”, propôs Pacífico Neto.
Vinicius Araújo, presidente da Subcomissão de Segurança Pública da OAB, ressaltou em sua fala que são necessárias medidas eficazes para prevenir a criminalidade por meio de ações sociais, com a ajuda do município e das instituições que estão sendo representadas na audiência. Disse também relatou que a OAB já realiza algumas ações para atender pessoas que não têm conhecimento da Lei.
O Coronel Lindomar Castilho explicou que tem conhecimento da responsabilidade da prestação de serviço da Policial Militar, mas disse reconhecer que o trabalho dos policiais do dia- a- dia é uma injustiça, porque todos os dias eles são cobrados para patrulhar e colocam a vida deles em risco.
“Vou falar pela polícia militar. Nós trabalhamos pelo limite das nossas forças e tudo que temos colocamos à disposição da sociedade. Lógico que todo mundo queria ter mais patrulhamento, mais policiamento. Com a atual situação que estamos vivendo da pandemia da Covid-19, que tem sido mais impactante, só para informação ¼ do nosso efetivo já está contaminado, e mesmo assim nós estamos lá na linha de frente. Coragem, criatividade e compromisso, eu passo todo dia isso para os policiais independente do Batalhão. E ainda coloco a serviço da comunidade tudo que temos, mas como eu disse nossos recursos são limitados, temos um limite do quadro efetivo e cabendo a gente gerencia em favor da população. E temos que pensar também em tecnologia como videomonitoramento para cidades, que é uma forma de ajustar e ter a presença da polícia militar mais qualificada, então, peço a Câmara Legislativa o apoio para que isso vire realidade em forma de parceria com o Poder Executivo”, sugeriu.
A última fala foi feita pelo Comandante Major Jullierme Christian Lima Vale, do 2° Batalhão de Bombeiros. Ele explicou que ações dos Bombeiros são bem específicas, não estão ligadas ao trabalho com a segurança pública e sim em socorrer, mas se colocou à disposição.
Após as falas das autoridades, André Neves fez alguns questionamentos. O primeiro foi direcionado ao secretário de Segurança, Coronel Rubens. O parlamentar perguntou o que ele tem de concreto na questão da segurança para cidade de Parnaíba? Quis saber ainda o que o Tenente Coronel Pacifico Neto precisa para reforçar a segurança na cidade.
“Quais ações que serão propostas pelo Ministério Público para segurança da cidade de Parnaíba? Quais ações da PRF para colaborar com o município? Tenente Madislan, como as forças de segurança do município podem intervir e colaborar com todos os órgãos de segurança?”, inquiriu.
Em resposta, o secretário de Segurança informou que irá continuar com algumas operações integradas que foram feitas em Parnaíba de forma periódica, mas que isso dependerá de investigações, solicitações de prisões e mandado de prisão. “Outra alternativa, por enquanto, pois não se tem mais efetivos suficientes para atender as demandas que estão chegando”, pontuou.
O gestor disse também que a Secretaria está em processo de licitação para aquisição de um sistema eletrônico para o estado do Piauí, sendo que a região norte será beneficiada logo no início.
O Tenente Coronel Pacífico em resposta ao questionamento do autor da audiência falou que o foco será em ações pontuais com integração das polícias civil, militar, federal e rodoviária federal.
O vereador Ronaldo Prado ( Cidadania), questionou o secretário de segurança Coronel Rubens acerca da possibilidade de o próprio município de Parnaíba criar uma força tarefa com a junção de alguns policiais. Em resposta o secretário informou que sim e disse que a segurança pública pode ser de forma integrada. Sobre a pergunta do vereador Zé Filho do Caxingos (PL) a respeito da convocação de formação de polícia civil, ele disse que a previsão do chamamento é para o segundo semestre deste ano, assim que todo o quadro da Polícia Civil estiver vacinado.
O Tenente Madislan completou que o município tem buscado algumas soluções para questões de segurança e disse que já tem um projeto de monitoramento para a cidade de Parnaíba para alguns pontos de instalação de câmeras de segurança em toda a cidade. O projeto foi entregue ao prefeito Mão Santa que demonstrou bastante interesse no aparato tecnológico que dará suporte a segurança para a população. O efetivo da Prefeitura deverá contar com algumas pick-ups para realização de patrulhamento e abordagem a fim de atender algumas ocorrências de Parnaíba e também a guarda patrimonial será reaparelhada.
“Todas essas ações serão bem significativas, principalmente na questão da segurança da cidade, uma vez que estaremos trazendo mais confiança à população”, avaliou.
Em sua fala, o presidente Carlson Pessoa agradeceu a presença de todos que compareceram ao debate na Casa Legislativa. Ele destacou o trabalho desempenhado pelas Polícias Militar toda região. “Foi um debate muito importante, enriquecedor e produtivo, sendo que certamente ações concretas serão colocadas em prática a partir de agora”, disse.
Ascom / CMP